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domingo, 17 de outubro de 2010

quase fim

Bombardeios americanos.Uma guerra civil no Camboja que fora ocupado pelo vizinho Vietnam, que não passava de um vassalo da Rússia.Dizimado pela fome, a população morria por falta de cuidados médicos.Intelectuais e médicos renomados decidem fazer uma marcha na fronteira com o Camboja para que atráves desse espetáculo divulgado em todo o mundo pudesse ser forçada a entrada dos médicos no país ocupado.

"O aparecimento de uma artista americana no estrado marcou o apogeu da reunião.
(...)
A atriz falava das crianças que sofriam, das barbáries da ditadura comunista, do direito do homem à segurança, sociedade civilizada, da liberdade individual e do presidente Carter, que estava aflito com o que se passava no Camboja.Essas últimas palavras foram ditas aos prantos.
Nesse momento um jovem médico francês levantou-se e começou a vociferar:
- Estamos aqui para salvar os moribundos!Não estamos aqui para glorificar o presidente Carter!Esta manifestação não pode degenerar em circo de propaganda americana!Não viemos aqui para protestar contra o comunismo, mas para cuidar do doentes!

Durante a marcha, havia qualquer coisa no ar.As pessoas diminuíam o passo e olhavam para trás.
A artista americana, que havia sido colocada no final do cortejo, recusou-se a suportar mais tempo nessa humilhação e decidiu reagir.
(...)
-Volte para a fila!Isto aqui não é um desfile de artistas de cinema!
A atriz não se deixou intimidar e continuou a correr para a dianteira, acompanhada de cinco fotógrafos e dois cinegrafistas.
Uma francesa, professora de lingüística, agarrou a atriz pelos punhos e dise-lhe num inglês atroz: -Aqui estão médicos que desfilam para salvar cambojanos moribundos.Isto aqui não é um espetáculo para artistas de cinema!
(...)
A professora de lingüística finalmente largou o punho da artista americana.O cantor alemão de barba preta que carregava a bandeira branca chamou a atriz pelo nome.
(...)
Fotógrafos e cinegrafistas saltavam em frente da atriz e do cantor.Um célebre fotógrafo americano queria na sua objetiva uma foto dos dois rostos e da bandeira - o que não era fácil a altura da vara.Começou a recuar, de costas, para dentro de uma plantação de arroz.Foi assim que pisou numa mina.Houve uma explosão.Seu corpo espedaçado voou em pedaços, salpicando com sangue a intellinguêntsia internacional.
O cantor e a atriz, apavorados, não saíram do lugar.Os dois levantaram os olhos para a bandeira.Estava manchada de sangue, o que aumentou o seu terror.Depois, ensaiaram mais uns olhares tímidos para cima e começaram a sorrir.Sentiam-se inundados de um orgulho estranho com a idéia de que a bandeira que carregavam estava santificada pelo sangue.E assim retomaram a marcha."


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A música

"Para Franz, é a arte o que mais se aproxima da beleza dionisíaca concebida como êxtase.
Dificilmente nos atordoamos com um romance ou um quadro, mas podemos nos extasiar com a Nona de Beethoven, com a sonata para dois pianos e a percurssão de Bartók e com uma canção dos Beatles.Franz não faz diferença entre a grande música e a música ligeira.Essa distinção parece-lhe hipócrita e fora de época.Gostava igualmente de rock e Mozart.
Para ele, a música é libertadora: ela o liberta da solidão e da clausura, da poeira das bibliotecas e abre-lhe no corpo as portas por onde a alma pode sair para confraternizar-se.

(...)

Jantaram, subiram para o quarto, fizeram amor.Em seguida, nolimiar do sono, as idéias começaram a se embaralhar na cabeça de Franz.Lembrou-se da música barulhenta do restaurante e pensou: ' O barulho tem uma vantagem.No meio dele não se ouvem as palavras'. Desde sua mocidade, não fazia outra coisa senão falar, escrever, dar cursos, inventar frases, procurar fórmulas, corrigi-las, de maneira que as palavras nada tinham de exato, o sentido delas se apagava, perdiam seu conteúdo, sobrando apenas o cérebro dando-lhe enxaqueca, e que era sua insônia, sua doença.
Teve então a vontade confusa e irresistível de ouvir algazarra, que englobaria, inundaria, esmagaria todas as cosias, que anularia para sempre a dor, a vaidade, a mesquinharia das palavras.
A música era a negação das frases, a música era a antipalavra.Tinha vontade de ficar com Sabina num longo abraço, de calar-se, nunca mais proncunciar uma só frase, deixar o prazer confluir com o clamor orgástico da música.Dormiu nessa bem-aventurada algazarra imaginária"

Leio A insustentável leveza do ser (depois de tanto postergar o livro chegou até mim por um guri do cursinho)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

comuna




Hoje na aula de história o professor falou da Comuna de Paris (fato que me emociona deveras) e eu não pude deixar de lembrar um certa HQ que li no começo do ano sobre o assunto.
História em formato HQ é tão interessante quanto livros, sem contar que existem muitos cartunistas fodões por aí que a gente nem conhece.

É o caso de Jacques Tardi que ilustrou o romance de Jean Vautrin, adaptando-o a uma história em quadrinhos.Tudo o que eu sei é que Vautrin ganhou em 89 o prêmio literário da França, prêmio Gancourt e é membro da Academia Francesa de letras, no mais, eu não sei ler francês.No caso de Tardi, a preferência de transformar em quadrinhos contos policiais ou de guerra, na maioria das vezes.Seu estilo lembra Robert Crumb.Eu disse lembra.

O livro conta, obviamente a desolada Paris de 1871 deixada aos ventos parar os alemães e com terreno fértil suficiente para socialismos e anarquia.Prostitutas, padres, revolução operária e muitas citações históricas que fazem do romance-HQ muito mais do que um simples entretenimento visual, com alguns personagens fictícios, há tambémo trechos de cartas entre os revolucionário e o próprio Marx, notas e descrições.Uma maneira bem descontraída de aprender e viver a história.

domingo, 15 de agosto de 2010

As Veias Abertas da América Latina - resenha (pfff)

Escrito em poucos meses e em meio a turbulências de ditaduras militares Eduardo Galleano tece uma visão histórica e economicista sobre o continente Latino Americano, sem a menor intenção jornalística.
Re che a do de notas sobre os livros consultados.
A linguagem é mais literária do que científica; quem sabe até eu poderia comprar com Os sertões, mas quem dera que Euclides da Cunha fosse tão sensato quanto Galleano.
Metáforas, comparações, ironias para descrever o subdesenvolvimento que abocanha homens e mulheres em campos e subúrbios.
Singelo, atraente e fácil leitura, não há motivo para continuar ignorante a respeito da historia que nos edificou.

O título, mais do que genial, indica como as riquezas do rico continente, os minérios, matas, madeiras, borracha, florestas ricas em matéria prima simplesmente jorraram alimentando sanguessugas europeus e norte americanos.Tudo graças ao extermínio da colonização praticado por espanhóis e portugueses que definiu a dependência e subdesenvolvimento dos paises latino americanos atualmente.

Inicialmente o autor conta a “descoberta” da América por Colombo, relatando a colonização ibérica sanguinária.Concluindo que a vitória da conquista não se deu apenas graças ao poder bélico, mas também por sutis técnicas de domínio como por exemplo a mita e também graças a cultura dos próprios nativos qua acreditavam na profecia de um Deus que chegaria pelos mares.Segundo o próprio autor “os indígenas foram derrotados também pelo assombro” (1).Um dos trechos mais significativos para a compreesão da obra é o momento dos massacres em Potosí, Tenochtotlán e inclusive Vila Rica.Regiões nas quais “os metais arrebatados aos novos domínios coloniais estimularam o desenvolvimento europeu e pode-se até mesmo dizer que o tornaram possível” (2).De fato, a prata e euro extraídos trouxeram desgraça e morte aos indígenas, ilusão ao espanhóis e riqueza ao ingleses, financiando, mais tarde sua tão famosa Revolução Industrial.

Revolução esta que nos tornaria mais uma vez, dependente de seus recursos.Incrível como o sangue das nossas veias abertas circularam o mundo, ora passando dos porgueses para ingleses, ora dos ingleses para holandeses, enquanto aqui somente circulava descraça e morte.

Para Galeano, toda essa riqueza esvaída só foi possível graças a escravidão e não de obra barata (leia-se escravidão novamente). A ocupação do nordeste brasileiro para o plantio da cana de açúcar: “o tapete vegetal, a flora e a fauna foram sacrificados nos altares da monocultura”(3).A Exploração de metais preciosos, minerais metálicos cana, algodão, látex, salitre, cobre chileno, estanho boliviano, petróleo venezuelano, em prol dos lucros de empresas européias e norte americanas.Eles precisavam das nossas riquezas para manter seus domínios sobre nós mesmos porque a tecnologia existente “não encontrou nenhuma maneira de prescindir dos materiais básicos que a natureza, e só ela, proporciona” (4).

A exploração humana e do subsolo engendrou golpes de Estado, como por exemplo: “os freqüentes golpes de Estado na Argentina explodem antes e depois de cada licitação petrolífera” (5).Lutas contra dominação estrangeira (Haiti, Colômbia, Guatemala, Cuba, Peru, todas violentamente reprimidas e algumas até sufocadas), monopólios, intereferências, políticas, repressão de idéias socialistas..Basta lembrar que em meados de 1950 o Tio Sam proibiu o Brasil de vender matérias primas estratégica para países solocialistas e ao mesmo tempo eles próprios incentivaram a Industrialização por aqui, todas aquelas fábricas estrangeiras...Grande Getúlio.Tudo com base em um belo discurso desenvolvimentista, criando a ilusão de benefício coletivo.

Esta foi mais uma forma de sangrar nossas veias ao contratar mão de obra barata e aproveitar dos incentivos governamentais, fazendo escorrer os dólares produzidos para os centros de poder do sistema capitalista.

Na verdade, o comércio livro foi mais uma forma de escoar o excendente de produção, já que seria impossível que a industrialização do Brasil, Peru, Bolívia, Paraguai ou Chile pudesse concorrer os países que já dominvam o sistema. a independência abriu as portas à livre concorrência da indústria já desenvolvida na europa” (6).

Muitas empresas nacionais fecharam ou foram vendidas as multinacionais que chegavam justamente por não terem condições de concorrer.A industrialização não alterou a divisão internacional do trabalho.Toda essa integração é estimulada apenas por interesses econômicos, ela não nos faz “reencontrar nossas origens nem nos aproxima de nossas metas” (7)

Sobra trabalho escravo e latifúndio.pobreza e, posteriormente, abandono.

A escrita do texto, totalmente acessível permite uma leitura inquietante e prazeirosa tonrnando possível o conhecimento da subordinação que ainda vivemos e não apenas nós vide as sanções ao Irã, vide Gaza, vide as Repúblicas do Cáucaso.OTAN.

Edurdo Gallenano cumpre com seu objetivo de demonstrar que “o subdesenvolvimento não é uma etapa do desenvolvimento.É sua conseqüência. (8)

NOTAS:

(1)GALLEANO, Eduardo.As Veias Abertas da América Latina.Rio de Janeiro.Ed. Paz e Terra 2004 pág. 28

(2)IDEM. Pág. 35

(3)IDEM.Pág. 74

(4)IDEM.Pág 148

(5)IDEM.Pág 149

(6)IDEM.Pág 191

(7)IDEM.Pág 280

(8)IDEM.Pág 307