domingo, 15 de agosto de 2010

As Veias Abertas da América Latina - resenha (pfff)

Escrito em poucos meses e em meio a turbulências de ditaduras militares Eduardo Galleano tece uma visão histórica e economicista sobre o continente Latino Americano, sem a menor intenção jornalística.
Re che a do de notas sobre os livros consultados.
A linguagem é mais literária do que científica; quem sabe até eu poderia comprar com Os sertões, mas quem dera que Euclides da Cunha fosse tão sensato quanto Galleano.
Metáforas, comparações, ironias para descrever o subdesenvolvimento que abocanha homens e mulheres em campos e subúrbios.
Singelo, atraente e fácil leitura, não há motivo para continuar ignorante a respeito da historia que nos edificou.

O título, mais do que genial, indica como as riquezas do rico continente, os minérios, matas, madeiras, borracha, florestas ricas em matéria prima simplesmente jorraram alimentando sanguessugas europeus e norte americanos.Tudo graças ao extermínio da colonização praticado por espanhóis e portugueses que definiu a dependência e subdesenvolvimento dos paises latino americanos atualmente.

Inicialmente o autor conta a “descoberta” da América por Colombo, relatando a colonização ibérica sanguinária.Concluindo que a vitória da conquista não se deu apenas graças ao poder bélico, mas também por sutis técnicas de domínio como por exemplo a mita e também graças a cultura dos próprios nativos qua acreditavam na profecia de um Deus que chegaria pelos mares.Segundo o próprio autor “os indígenas foram derrotados também pelo assombro” (1).Um dos trechos mais significativos para a compreesão da obra é o momento dos massacres em Potosí, Tenochtotlán e inclusive Vila Rica.Regiões nas quais “os metais arrebatados aos novos domínios coloniais estimularam o desenvolvimento europeu e pode-se até mesmo dizer que o tornaram possível” (2).De fato, a prata e euro extraídos trouxeram desgraça e morte aos indígenas, ilusão ao espanhóis e riqueza ao ingleses, financiando, mais tarde sua tão famosa Revolução Industrial.

Revolução esta que nos tornaria mais uma vez, dependente de seus recursos.Incrível como o sangue das nossas veias abertas circularam o mundo, ora passando dos porgueses para ingleses, ora dos ingleses para holandeses, enquanto aqui somente circulava descraça e morte.

Para Galeano, toda essa riqueza esvaída só foi possível graças a escravidão e não de obra barata (leia-se escravidão novamente). A ocupação do nordeste brasileiro para o plantio da cana de açúcar: “o tapete vegetal, a flora e a fauna foram sacrificados nos altares da monocultura”(3).A Exploração de metais preciosos, minerais metálicos cana, algodão, látex, salitre, cobre chileno, estanho boliviano, petróleo venezuelano, em prol dos lucros de empresas européias e norte americanas.Eles precisavam das nossas riquezas para manter seus domínios sobre nós mesmos porque a tecnologia existente “não encontrou nenhuma maneira de prescindir dos materiais básicos que a natureza, e só ela, proporciona” (4).

A exploração humana e do subsolo engendrou golpes de Estado, como por exemplo: “os freqüentes golpes de Estado na Argentina explodem antes e depois de cada licitação petrolífera” (5).Lutas contra dominação estrangeira (Haiti, Colômbia, Guatemala, Cuba, Peru, todas violentamente reprimidas e algumas até sufocadas), monopólios, intereferências, políticas, repressão de idéias socialistas..Basta lembrar que em meados de 1950 o Tio Sam proibiu o Brasil de vender matérias primas estratégica para países solocialistas e ao mesmo tempo eles próprios incentivaram a Industrialização por aqui, todas aquelas fábricas estrangeiras...Grande Getúlio.Tudo com base em um belo discurso desenvolvimentista, criando a ilusão de benefício coletivo.

Esta foi mais uma forma de sangrar nossas veias ao contratar mão de obra barata e aproveitar dos incentivos governamentais, fazendo escorrer os dólares produzidos para os centros de poder do sistema capitalista.

Na verdade, o comércio livro foi mais uma forma de escoar o excendente de produção, já que seria impossível que a industrialização do Brasil, Peru, Bolívia, Paraguai ou Chile pudesse concorrer os países que já dominvam o sistema. a independência abriu as portas à livre concorrência da indústria já desenvolvida na europa” (6).

Muitas empresas nacionais fecharam ou foram vendidas as multinacionais que chegavam justamente por não terem condições de concorrer.A industrialização não alterou a divisão internacional do trabalho.Toda essa integração é estimulada apenas por interesses econômicos, ela não nos faz “reencontrar nossas origens nem nos aproxima de nossas metas” (7)

Sobra trabalho escravo e latifúndio.pobreza e, posteriormente, abandono.

A escrita do texto, totalmente acessível permite uma leitura inquietante e prazeirosa tonrnando possível o conhecimento da subordinação que ainda vivemos e não apenas nós vide as sanções ao Irã, vide Gaza, vide as Repúblicas do Cáucaso.OTAN.

Edurdo Gallenano cumpre com seu objetivo de demonstrar que “o subdesenvolvimento não é uma etapa do desenvolvimento.É sua conseqüência. (8)

NOTAS:

(1)GALLEANO, Eduardo.As Veias Abertas da América Latina.Rio de Janeiro.Ed. Paz e Terra 2004 pág. 28

(2)IDEM. Pág. 35

(3)IDEM.Pág. 74

(4)IDEM.Pág 148

(5)IDEM.Pág 149

(6)IDEM.Pág 191

(7)IDEM.Pág 280

(8)IDEM.Pág 307

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