domingo, 31 de outubro de 2010

intersocialidades

A capacidade informativa desse mundo interligado tem me impressionado muito nos últimos tempos.O Twitter.Isso sim é que é exemplo de eficiência em comunicabilidade.Sinto-me tão próxima de Xico Sá, Leminski e Plínio a ponto de querer convidá-los para um café ou até mesmo escarnar José Serra, tamanha a sensação de proximidade.

Estava observando minhas postagens anteriores, eram tão mais emocionantes e dramáticas!Já escrevi muito nesse sítio, até me assustei e quis saber o porquê da necessidade de juntar tantas palavras em parágrafos intermináveis.

Estive pensando sobre o que as pessoas que conhecemos casualmente representam.Não digo amizades de longa data, já tenho irmãos de coração e sou grata por isso.Assuntos futuros.
Às vezes você conhece pessoas que sabe, nunca verá novamente e pouco se comunicarão não passando de um ou outro e-mail e raras mensagens instantâneas.No entanto, no momento que ocorre a confraternização vocês tem assuntos compatíveis com úteis trocas de informações.Depois de um tempo, cada qual seguirá seu caminho conhecendo novas pessoas com novas experiências de vida para serem trocadas e assim sucede até o final de nossas vidas.Talvez essas pessoas surjam tal como moscas em merda de boi para exemplificar condutas e preceitos que não teríamos capacidade de desenvolver ou perceber por conta própria.
O chato questionador, o irredutível, o alheio, o interessado, o desinteressado, o parasita, o alienado, o apressado, oportunista. Espécimes sempre presentes num círculo social.A maioria se encaixa na classificação de INCONVENIENTE.
Mas qual o verdadeiro sentido de estarem ali a infernizar-nos e irritar-nos?Eu nunca sou a chata, a irredutível, a alheia...Jamais!
Tudo é aprendizado.Acredito que vale a pena uma pessoa altamente influenciável (desabafo) aprender como manter firmemente sua opinião com o irredutível.Vale a pena o desinteressado prestar mais atenção no questionador cético.Talvez seja por isso que nos relacionamos; aprender e evoluir sempre.Somos seduzidos pelas fraquezas bem como o somos pelas virtudes da turbulenta mente humana.O bom é aprender filtrar virtudes.


...E os livros didáticos aqui empilhados a ranger os dentes vociferando minhas obrigações que já se findam, bem como o ano, bem como minha paciência e sanidade.Não aguento mais dores de cabeça e balinhas de nosaldina

domingo, 17 de outubro de 2010

quase fim

Bombardeios americanos.Uma guerra civil no Camboja que fora ocupado pelo vizinho Vietnam, que não passava de um vassalo da Rússia.Dizimado pela fome, a população morria por falta de cuidados médicos.Intelectuais e médicos renomados decidem fazer uma marcha na fronteira com o Camboja para que atráves desse espetáculo divulgado em todo o mundo pudesse ser forçada a entrada dos médicos no país ocupado.

"O aparecimento de uma artista americana no estrado marcou o apogeu da reunião.
(...)
A atriz falava das crianças que sofriam, das barbáries da ditadura comunista, do direito do homem à segurança, sociedade civilizada, da liberdade individual e do presidente Carter, que estava aflito com o que se passava no Camboja.Essas últimas palavras foram ditas aos prantos.
Nesse momento um jovem médico francês levantou-se e começou a vociferar:
- Estamos aqui para salvar os moribundos!Não estamos aqui para glorificar o presidente Carter!Esta manifestação não pode degenerar em circo de propaganda americana!Não viemos aqui para protestar contra o comunismo, mas para cuidar do doentes!

Durante a marcha, havia qualquer coisa no ar.As pessoas diminuíam o passo e olhavam para trás.
A artista americana, que havia sido colocada no final do cortejo, recusou-se a suportar mais tempo nessa humilhação e decidiu reagir.
(...)
-Volte para a fila!Isto aqui não é um desfile de artistas de cinema!
A atriz não se deixou intimidar e continuou a correr para a dianteira, acompanhada de cinco fotógrafos e dois cinegrafistas.
Uma francesa, professora de lingüística, agarrou a atriz pelos punhos e dise-lhe num inglês atroz: -Aqui estão médicos que desfilam para salvar cambojanos moribundos.Isto aqui não é um espetáculo para artistas de cinema!
(...)
A professora de lingüística finalmente largou o punho da artista americana.O cantor alemão de barba preta que carregava a bandeira branca chamou a atriz pelo nome.
(...)
Fotógrafos e cinegrafistas saltavam em frente da atriz e do cantor.Um célebre fotógrafo americano queria na sua objetiva uma foto dos dois rostos e da bandeira - o que não era fácil a altura da vara.Começou a recuar, de costas, para dentro de uma plantação de arroz.Foi assim que pisou numa mina.Houve uma explosão.Seu corpo espedaçado voou em pedaços, salpicando com sangue a intellinguêntsia internacional.
O cantor e a atriz, apavorados, não saíram do lugar.Os dois levantaram os olhos para a bandeira.Estava manchada de sangue, o que aumentou o seu terror.Depois, ensaiaram mais uns olhares tímidos para cima e começaram a sorrir.Sentiam-se inundados de um orgulho estranho com a idéia de que a bandeira que carregavam estava santificada pelo sangue.E assim retomaram a marcha."


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

um relógio atrasado, um tempo parado

Coisas estranhas acontecem na minha psique, no mundo e no meu estômago.Estou a digerir todas essas coisas com cuidado mas a verdade é que estou num alheamento surpreendente!Talvez sejam muitas coisas pra uma cabeça só.

Tenho muitas lições de matematiquinhas atrasadas.Binômios fodam-se todos vocês e deixem-me em paz!Hoje fiquei a manhã toda com meu irmão e tirei umas fotos com minha câmera ultrapassadíssima.


Boboalegríssimos


Meu brother dando um banho nos hot-wheels com muita espuma ( até eu perceber que minutos depois todo o detergente tinha ido pro espaço e ele tinha espuma até na orelha)

Eu muito simpática

Minha consciência me atormentando com os binômios atrasados

sábado, 2 de outubro de 2010

au dessous du volcan

Pegajosos anseios de inércia, inativações dos movimentos, paralisia dos sentidos e anulação do ser.
Os percursos na cidade são para mim, lapsos atemporais.Ao mesmo tempo, tudo está cada vez mais rápido e há um gigantesco tic-tac-tic-tac sibilante no meu aparelho auditivo.

O final do ano se aproxima e eu estou assim.Não vejo a hora de fazer os malditos vestibulares.
Por vezes me arrependo de não ter ido logo pra Unifal viver minha vida.Escolhas.

O cursinho é um câncer de tempo.Mal tenho tempo pra escrever ou ler (livros não didáticos), meu léxico atrofiou-se de maneira monstruosa e meus ânimos oscilam de acordo com a quantidade de café, pó de guaraná ou chá de camomila com 3 ou mais saquês que eu tomo.
A falta de tempo para fazer arte (porque ver ou ouvir a gente dá um jeito) , encurrala minha evasão de sentimentos incompreensíveis fazendo com que eu exploda em posts vazios como este, em momentos definitivamente inoportunos e comprometedores para com meu incerto (ou não tão incerto assim) futuro acadêmico.
Hoje, ao voltar do cursinho um cara de bicicleta parou e disse: "Ei, seu zíper tá aberto!"
Obviamente não estava.Tive consciência dos meus dezoito anos.Isso me fez reperceber a saudade de minhas tardes vazias entre letras, cores, acordes e chocolates.Muitos.
Quer dizer, ainda tenho muitos chocolates. Minhas tardes nas últimas semanas têm sido comer e morrer de tanto dormir, ou, dormir depois de ter passado o dia morrendo.Quase um zumbi metropolitano, exausto de tanto cinza e concreto.
Depois de tanto dormir é que a consciência brada os deveres das tarefas mínimas e complementares.

Tudo isso pra que?Satisfazer minha vontade de mudar alguma coisa na sociedade com a indignação que grita no consciente?É provável.Procuramos a felicidade que é nada mais do que a realização dos desejos pessoais, mas acredito que ao mesmo tempo que a buscamos, comparamo-na com a infelicidade num assomo de orgulho e infinita tristeza.A infelicidade de ser estudante de porra nenhuma, por exemplo.Se as historinhas e novelas começassem com a felicidade dos personagens seria desinteressante e pediríamos uma tragédia a ser superada para o orgulho acontecer.Ser feliz é feio.O revolucionário sonha com a busca da felicidade mas a maioria o chama utópico e apaga a revolução.

Tomo café e não durmo até as três da manhã.Cultivo uma úlcera.Explodo em vácuos e assopro meus anseios vagos neste blog cada vez mais receptor de tudo.