sábado, 2 de outubro de 2010

au dessous du volcan

Pegajosos anseios de inércia, inativações dos movimentos, paralisia dos sentidos e anulação do ser.
Os percursos na cidade são para mim, lapsos atemporais.Ao mesmo tempo, tudo está cada vez mais rápido e há um gigantesco tic-tac-tic-tac sibilante no meu aparelho auditivo.

O final do ano se aproxima e eu estou assim.Não vejo a hora de fazer os malditos vestibulares.
Por vezes me arrependo de não ter ido logo pra Unifal viver minha vida.Escolhas.

O cursinho é um câncer de tempo.Mal tenho tempo pra escrever ou ler (livros não didáticos), meu léxico atrofiou-se de maneira monstruosa e meus ânimos oscilam de acordo com a quantidade de café, pó de guaraná ou chá de camomila com 3 ou mais saquês que eu tomo.
A falta de tempo para fazer arte (porque ver ou ouvir a gente dá um jeito) , encurrala minha evasão de sentimentos incompreensíveis fazendo com que eu exploda em posts vazios como este, em momentos definitivamente inoportunos e comprometedores para com meu incerto (ou não tão incerto assim) futuro acadêmico.
Hoje, ao voltar do cursinho um cara de bicicleta parou e disse: "Ei, seu zíper tá aberto!"
Obviamente não estava.Tive consciência dos meus dezoito anos.Isso me fez reperceber a saudade de minhas tardes vazias entre letras, cores, acordes e chocolates.Muitos.
Quer dizer, ainda tenho muitos chocolates. Minhas tardes nas últimas semanas têm sido comer e morrer de tanto dormir, ou, dormir depois de ter passado o dia morrendo.Quase um zumbi metropolitano, exausto de tanto cinza e concreto.
Depois de tanto dormir é que a consciência brada os deveres das tarefas mínimas e complementares.

Tudo isso pra que?Satisfazer minha vontade de mudar alguma coisa na sociedade com a indignação que grita no consciente?É provável.Procuramos a felicidade que é nada mais do que a realização dos desejos pessoais, mas acredito que ao mesmo tempo que a buscamos, comparamo-na com a infelicidade num assomo de orgulho e infinita tristeza.A infelicidade de ser estudante de porra nenhuma, por exemplo.Se as historinhas e novelas começassem com a felicidade dos personagens seria desinteressante e pediríamos uma tragédia a ser superada para o orgulho acontecer.Ser feliz é feio.O revolucionário sonha com a busca da felicidade mas a maioria o chama utópico e apaga a revolução.

Tomo café e não durmo até as três da manhã.Cultivo uma úlcera.Explodo em vácuos e assopro meus anseios vagos neste blog cada vez mais receptor de tudo.






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